Os empresários de transportes rodoviários de mercadorias de Vila Real exigem áreas seguras e próximas da cidade, para estacionarem os seus camiões. Caso isso não aconteça, estão dispostos a manifestar-se e a provocarem um autêntico caos, no trânsito da cidade. A Câmara Municipal de Vila Real assume que não pode e não tem espaço para a construção de parques para pesados e propõe a Zona Industrial de Constantim e alguns espaços, junto ao Aeródromo. Porém, os empresários não querem e alegam que as zonas sugeridas não têm as condições ideais.
O Nosso Jornal ouviu Carlos Santos, empresário de transportes, acompanhado por mais dois e que concordaram nos pontos de vista e críticas deixadas.
“Já reunimos e, se isto não se modificar, seremos obrigados a recorrer a formas de protesto que estão ao nosso alcance. A vida está difícil e as autarquias têm de arranjar condições para que os seus cidadãos tenham possibilidades de trabalhar e ganhar o seu pão. Neste momento, existem cerca de 130 camiões e perto de 30 firmas, na cidade, entre pesados e articulados. Fazemos transportes nacionais e internacionais. Já pedimos a atenção da PSP, GNR e Câmara, para esta situação. Ninguém avança com soluções. Assim sendo, estamos na disponibilidade de atulhar a cidade com camiões, em frente à PSP, Câmara de Vila Real e Governo Civil. Acho que são os culpados desta situação, andamos a trabalhar, governamos várias famílias de Vila Real e não temos estímulos. Queremos que a Câmara de Vila Real nos crie condições, para podermos estacionar.
A colocação de uma placa de proibição de estacionamento, na zona do Quinta do Entroncamento, numa artéria de Vila Real, a qual “era a única zona onde poderia ficar um pesado”, foi a gota que fez transbordar o copo.
“Isto é incrível. Então, não temos parque e ainda nos tiram um local onde os camionistas de pesados paravam, para descansar e comer alguma coisa? Agora só não entendo porque só deixam um autotanque dos Bombeiros da Cruz Branca, quando, a centenas de metros, existe um terreno para ele ficar. Então proíbem a uns e deixam a outros? É bom que se lembrem que, com estas atitudes, podem correr o risco de desemprego trezentas pessoas” – sublinhou, justificando: “Assim, não nos dão condições para trabalhar! Vila Real é um eixo importante rodoviário e muitos camiões estrangeiros já param em Vila Pouca de Aguiar, Murça e Amarante, Municípios que já têm parques para pesados”.
Os empresários de transportes exigem um parque na entrada da cidade e zona de descanso próximo dos acessos principais da cidade, onde se “possa estacionar com segurança, coisa que, nos últimos tempos, não tem existido. Outro empresário de transportes, José Fernando, também é crítico, quanto a esta situação. “Tenho camiões, não os posso meter debaixo da cama. Agora andamos a trabalhar e depois é multas daqui e dali, isto complica a vida. Ou desistimos e não sei se as instituições querem dar emprego a tanta gente, estamos a falar de cerca de 300 postos de trabalho. Quando se trata de proibição a pesados é para toda a gente, para os Bombeiros não é. A Cruz Branca tem um terreno nas Flores e pode estacionar. Julgo que há discriminação, nesta área. Vila Real não tem um parque de estacionamento para pesados. Não se pode ignorar que a cidade é quase um ponto de paragem obrigatório. Aqui, por exemplo, na zona do Entroncamento, afluem muitos camiões estrangeiros e nacionais que circulam no IP4. Se isto continua assim, é muito mau para o sector. Falam da zona industrial de Constantim? Não tem condições. Os melhores espaços, o então Terminal TIR, estão ocupados pela Corgobus e por uma outra empresa”.
Por sua vez, Miguel Esteves, Vereador da Câmara Municipal de Vila Real, defende que “o local da Quinta do Entroncamento é uma zona residencial e ali não podem estacionar pesados. O loteamento foi aprovado para estacionamentos nas zonas permitidas para veículos ligeiros. Aliás, há uma decisão municipal que proíbe o estacionamento de pesados nas zonas consideradas como o “casco” da cidade. Onde é possível colocar mais camiões? Na zona periférica da cidade, nomeadamente em áreas não residenciais, como é o caso da zona industrial e junto ao aeródromo”. Ainda em relação ao Entroncamento, “não se deixava estacionar. Provavelmente, a sinalética instalada no local não seria a mais adequada. Agora, a PSP, no cumprimento do seu dever, tem de actuar. É só por isto. Tomáramos que tivéssemos espaço, para todos, na cidade, mas existem condicionamentos. Aqui há uns anos, era possível a pesados circularem em quase todas as ruas de Vila Real. Agora é impensável. A lei, quando nasce, é para todos. Quanto ao camião dos Bombeiros, vamos ver o que se vai fazer. Não podemos esquecer que há opções a tomar e aquelas a favor da qualidade de vida das populações urbanas é a nossa. Não vamos encher a cidade com zonas de estacionamento para camiões”.
Por sua vez, o Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, Isildo Paulo, considera que “a construção civil acabou por liquidar os espaços que reuniam condições para um parque de pesados. É importante, para a cidade, ter uma área para estacionamento de veículos pesados de mercadorias e turísticos. Em tempos, sugerimos algumas opções, mas que, gradualmente, foram eliminadas. Cito um espaço, junto ao R13. Este tem lá agora um edifício velho público que está a servir de armazém. Um outro em Abambres que poderia ter acesso ferroviário e rodoviário, aproveitando a estação de Abambres (em degradação continua), mas em cuja área foi construído um loteamento. Este ficaria próximo do IP4, com bons acessos, penso que se perdeu uma boa oportunidade para a instalação de uma infra-estrutura importante. Agora, existe uma área, situada nas traseiras da Traslar, virada para Lordelo, a qual poderia ser aproveitada, dado ficar, também, junto ao IP4 e com boas saídas. Neste tipo de estruturas, julgo que os interesses da cidade não foram acautelados” – sublinhou. Ao que apurámos, em breve deverá haver uma reunião, entre todos os empresários de transportes de pesados de mercadorias, na qual este problema irá ser abordado, novamente.
José Manuel Cardoso
Jornal "A voz de Trás-os-Montes" publicado em 2008.02.14
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